Nesses tempos de Web 2.0, a habilidade de construir, narrar e disponibilizar a informação numa interface visual que produza significado para o usuário é quase uma necessidade para os jornalistas e comunicadores. Estamos preparados para a web semântica?
Nossa cultura de base (especialmente da geração acima dos 35 anos) é textual, linear e formatada em pirâmide invertida. Estamos acostumados às informações apresentadas num texto verticalizado – livros, revistas, jornais – com poucas imagens, num conjunto informativo de começo, meio e fim que não dá espaço a contexto e muito menos a uma leitura visual do conteúdo.
Sabemos que as principais pesquisas no mundo da rede estão focadas na construção da web semântica, baseada mais diretamente nas percepções cognitivas e no modo de ver o mundo por meio da informação de cada usuário. Uma rede adaptativa, flexível e principalmente visível (ou visual!).
Para seguirmos em frente no nessa web 2.0 temos que afinar nosso olhar e nossa forma de conceber conteúdos para informar, ao mesmo tempo, com imagens e correlação. Aqui, começam a ser cada vez mais utilizadas as ferramentas de mapas interativos com conteúdo embutido.
Um exemplo recente na cena brasileira é o site Globo Amazônia, que apresenta um mapa interativo sobre queimadas e desmatamentos, bem inovador diante dos parcos recursos que nossos sites informativos utilizam.
(Segue aqui um destaque para o produtor do projeto, o jornalista Iberê Thenório, que foi aluno na ECA-USP e defendeu em 2007 um TCC sob minha orientação com um blog sobre ecologia e meio ambiente – o Atitude Verde.)
A iniciativa merece comentários, apesar da simplicidade da ferramenta, já que se percebe ali a necessidade de melhor agregação de banco de dados para dar mais dinamismo ao conteúdo da interação. Mas, por outro lado, é oportuna a inclusão da ferramenta participativa via Orkut convidando os usuários a protestar contra o desmatamento. Entre nós é uma novidade.
Apenas como contraponto acessem o mapa eleitoral da campanha presidencial 2008 dos Estados Unidos mantido pelo The New York Times.com, já citado neste Intermezzo.
É um interessante modo de narrativa visual interativa, aonde a popularidade de cada candidato é expressa em gradações de cores, e também é apresentada uma comparação entre a pesquisa formal realizada pelo jornal e aquela dos leitores-usuários do site, em outro mapa.
Fica a questão: já estamos desenvolvendo tais habilidades em nossos profissionais?
(Beth Saad)