A novidade já não é tão nova assim, pois foi ofuscada (justificadamente) pelo furacão Obama. O The New York Times anunciou ao final de Outubro de 2008 sua ferramenta Visualization Lab em parceria com o laboratório de pesquisa da IBM e a tecnologia Many Eyes. A proposta do jornal e da IBM é gerar, a partir de um conjunto de dados (textos, tabelas, imagens, por exemplo) componentes de um conteúdo informativo, um formato visual que organize e facilite a compreensão da informação, especialmente em seu contexto.
São possíveis formas visuais como nuvem de tags, árvore de palavras, gráficos tipo Excel, mapas concêntricos, matriz relacional, linha de palavras-chave, entre muitas possibilidades.
Vejam, por exemplo, qual o peso dos grupos religiosos entre os republicanos votantes na eleição que acaba de se encerrar.
Ou a árvore de palavras de um recente discurso do vice Biden.
Todos esses formatos têm seu conteúdo navegável, portanto, apresentam contexto, incitando o leitor/usuário à navegação aprofundada. Além disso, o principal diferencial nesse tipo de ferramenta é a associação de cada item de conteúdo a um sistema de hierarquização semântica que evidencia para o leitor a essência do significado informativo ali contido.
O resultado disso tudo são alguns aprendizados tanto para o profissional da informação quanto para o leitor. Conceitos como taxonomias, indexação, taggeamento, dataminning, entre outros, passam a fazer parte das rotinas narrativa do jornalista e cognitiva do leitor; uma espécie de “literação visual” também começará a fazer parte dos processos de construção da notícia, desde a pauta, até seu consumo, aquivamento e recuperação pelos usuários.
Estamos preparados? Esse é mais um questionamento no conjunto de muitos que vêm ocorrendo nesse momento de transição do ciberjornalismo. Evidente que processos como os mapas de visualização da notícia privilegiam leitores/usuários que tenham passado (e os futuros, que venham a passar) por processos educacionais e cognitivos com base construcionista. Alguns de nós (como esta autora) sofrem na transição. Outros leitores mais jovens desse Intermezzo passam felizes pelas nuvens de tags, mais outros colegas docentes frequentadores de nosso blog gastam um tempinho preparando aulas adequadas à nova realidade.
Para irmos nos acostumando à leitura visual, vejam o mapa que a IBM preparou a partir do discurso da vitória de Barak Obama, utilizando como fonte a transcrição do discurso feita pela CNN:
Para saber mais
Fica aqui uma dica para quem quer se aprofundar mais sbre mapas visuais. É uma disciplina antiga. Não se esqueçam que a própria Torá da religião judaica parte de um conceito de mapa e contexto interessantíssimos. Vejam o blog Visual Thinking Map e o projeto Visual Literacy.
(Beth Saad)