Bertocchi, Daniela. Narrativa é sistema. Conferência no IV Congresso Internacional de Ciberjornalismo. Universidade do Porto, Portugal. 4 e 5 de Dezembro de 2014. https://obciber.wordpress.com/
Tag: jornalismo
Possibilidades narrativas em dispositivos móveis (Covilhã, 2014)
Bertocchi, Daniela; Camargo, Isadora Ortiz; Silveira, Stefanie C. Possibilidades narrativas em dispositivos móveis. Congresso Internacional Jornalismo e Dispositivos Móveis. Universidade Beira Interior. Portugal. 2 e 3 de Dezembro de 2014.
Resumo:
O formato da narrativa jornalística ganha substância na interface gráfica. O design da interface é o lugar onde o formato narrativo ganha vida aos olhos de quem o acessa e com ele interage, construindo uma experiência narrativa (BERTOCCHI, 2013). Refletir sobre o formato de uma narrativa é refletir sobre a arquitetura que os usuários irão vivenciar, considerando telas em diversos tamanhos e algoritmos que ordenam visualizações de dados, inclusive em interação com outros sistemas. Para analisar formatos no jornalismo digital móvel, é preciso trazer à análise a questão da arquitetura de informação da interface. Tal como defendida por Resmini & Rosati (2011), a arquitetura de informação pervasiva pode ser analisada a partir de cinco elementos-chave. Aqui, nos interessa o aprofundamento em três: [1] Resiliência (capacidade de adaptar-se às necessidades do usuário); [2] Redução (capacidade de reduzir o estresse associado ao gerenciamento de muita informação); e [3] Correlação (capacidade de sugerir relevantes correlações entre peças de informação). Tomando-os como método, neste trabalho, além da discussão teórica, observaremos dois exemplos. O primeiro é um aplicativo do jornal The New York Times para smartphones, o NYT Now, que entrega ao leitor informações curadas por profissionais editores. O segundo é o aplicativo agregador de notícias, Flipboard, onde a curadoria é feita por algoritmos e publicadores robôs. Com esse recorte, queremos apresentar uma observação de soluções de arquitetura de informação para dispositivos móveis organizadas com mecanismos distintos, humano e máquina.
Leituras recentes
[1] #semantics Há muitos anos venho escrevendo sobre (web) semântica e comunicação digital (vejam os textos em meu site danielabertocchi.com), analisando a relação homem-algoritmos-mensagens e ressaltando a importância do olhar humano neste processo comunicacional. Bem, o exemplo abaixo evidencia o que quero dizer. O que, afinal, significa CHUCHU? Is it just “semantics”? O software não errou, foi super coerente — só não possui a sutileza e o bom senso do homem.
[2] #pagenotfound Veja essa: o BuzzFeed volta ao passado e apaga conteúdos já publicados. Voltam lá aos arquivos (quietinhos) e deletam o que consideram *hoje* conteúdos com pouca qualidade editorial e até com um “bad UX”. Agora imagina se um jornal ou uma revista tradicionais resolve jogar fora os seus arquivos em papel (queima tudo!) porque ponderou, ulteriormente, que suas notícias não têm mais qualidade ou foram mal diagramadas. E aí, pode?
[3] #grátis Cursos online que exploram conceitos de design de interface, arquitetura de informação, usabilidade, psicologia da interação e afins… tudo pela internet e gratuitamente.
[4] #mercado-academia Cinco profs de jornalismo passam o verão (nosso inverno) mergulhados em grandes redações e então reformulam seus planos de aula com base no que observaram.
[5] #eyetracking Como nossos olhos se movem para ler um site? Em “F”. Confira neste infográfico.
[6] #vidapósmoderna A geração nem-nem e o Zygmunt Bauman. É sempre culpa da pós-modernidade. Texto aqui.
[7] #foresight Steve Outing, jornalista e analista do mundo digital, publicou em seu blog uma série de estudos que utilizam métodos de “Foresight” para compreender o futuro do jornalismo e das indústrias de notícias. Neste texto, ele apresenta três possíveis cenários para o futuro do jornalismo.
[8] #pósnausp Pensando em fazer Mestrado ou Doutorado em Comunicação na ECA-USP? Saiu o edital deste ano.
[9] #homepage Como costumo dizer: o Facebook é a home do seu jornal. Concorda? Texto aqui.
[10] #auladejornalismo Obra para figurar na bibliografia básica das graduações de Jornalismo. Saindo do forno: Webwriting – Redação para a mídia digital, de Bruno Rodrigues (2014).
[11] #notatall Pensa só: para que manter um website se todo o seu conteúdo poderia nascer e se rentabilizar em outras plataformas — direto no Facebook, por exemplo (já que é de onde a maioria do tráfego de referência vem de qualquer maneira mesmo)? É o que o BuzzFeed pensa: “And the future of BuzzFeed may not even be on BuzzFeed.com. One of the company’s nascent ideas, BuzzFeed Distributed, will be a team of 20 people producing content that lives entirely on other popular platforms, like Tumblr, Instagram or Snapchat.”
[12] #pesquisas Estudos na área da comunicação digital que acabaram de sair do forno (em língua inglesa). Compilação do Nieman Lab.
[13] #auladejornalismo Resultado de atividade conjunta das disciplinas de Jornalismo Online e Projetos de TV da ECA-USP: uma reportagem multimídia a crise de água em SP.
[14] #bolsadeestudo Bolsa de £6.000 (US$10.250) para um aspirante a correspondente estrangeiro passar seis semanas no exterior, pesquisando e reportando sobre uma notícia estrangeira para o jornal Times de Londres. É preciso ter domínio do inglês.
[15] #modelosdenegócio “Um ano terrível para os jornais, mas um bom ano para as notícias”. Derek Thompson fala que “Não existe um ‘negócio de notícias’. Existem muitas empresas diferentes que usam vários (e, às vezes, totalmente opostos) métodos de financiamento de produção de artigos. E os poucos negócios que podemos identificar agora podem significar o início de um grupo mais vasto de modelos de publicação que não podemos sequer imaginar. Se essa evolução vai ser bom para o jornalismo é complicado dizer…”. Texto completo aqui.
Os posts acima foram publicados em minha página no FB ao longo da primeira quinzena de Agosto de 2014.
Reflexões sobre jornalismo na Compós 2014
{Belém, PA – UFPA} Os debates no GT de Jornalismo da Compós 2014 foram de altíssimo nível; muito bom estar ao lado de gente boa e competente que pensa profundamente o jornalismo (como Tattiana Teixeira, Ronaldo Henn, Fernando Resende, Suzana Barbosa, Moreno Osório, Beatriz Becker, Mônica Machado, Ana Cláudia Peres, Diógenes Lycarião, Rousiley Maia, Maíra Sousa, Marcos Paulo da Silva, Naara Normande e Yuri Almeida).
Discutimos jornalismo online, critérios de noticiabilidade, o papel do testemunho nas narrativas jornalísticas, as crises no jornalismo, a mídia ninja, jornalismo e redes sociais, curadoria no jornalismo e mais. Os artigos estão já disponíveis nos Anais do evento.
O paper que apresentei sobre jornalismo digital recebeu críticas lindas e proveitosas; além disso tudo, tive a chance de estar presencialmente com pesquisadores que admiro muito e ainda a oportunidade de conhecer outros que passei a admirar. Como um presente dos céus, matei a saudade de velhos amigos. No último dia em Belém, uma surpresa: um passeio num barco Hacker no rio Guamá, na Amazônia paraense, com direito a interagir com a comunidade ribeirinha, comer cacau e dar umas braçadas na água.
Mais uma leitura recomendada: Tendências no Jornalismo, mantida pelo colega Moreno Osório.




Dos Dados aos Formatos: o sistema narrativo no jornalismo digital (COMPÓS, 2014)
BERTOCCHI, Daniela. Dos Dados aos Formatos: o sistema narrativo no jornalismo digital. In: Compós – XXIII Encontro Anual da Compós – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, Belém/ PA, 28 e 29 de maio de 2014.
Para que criamos estratégias digitais no jornalismo?
Para conseguir mais likes, shares e cliques (e ganhar rios de dinheiro). Certo? Não, não somente. Quem desenha estratégias digitais para o jornalismo deveria querer um pouquinho mais que isso. Como ter o compromisso de fazer circular pela rede conteúdos e serviços relevantes (e dignos) para a sociedade. Como diz Carlos Chaparro, o jornalismo lida com a transformação da realidade — portanto, quaisquer estratégias de visibilidade deveriam considerar tal condição.
Para saber mais: Jonathan Colman explica aqui a diferença entre estratégia de conteúdo e estratégia de marketing (além de fornecer uma robusta bibliografia sobre o tema). Paul Bradshaw fala um pouco sobre como construir estratégias online para o jornalismo neste texto aqui. Também trato do assunto na minha tese doutoral, ressaltando que o desenho das estratégias de conteúdo precisa passar pelo bom entendimento de várias disciplinas, entre elas: experiência do usuário (UX), arquitetura de informação pervasiva (ubíqua), lógica computacional e consumo informativo em redes sociais.
O fluxo de trabalho jornalístico em O GLOBO

O jornal O GLOBO relata aqui que adotou um modo diferente de produzir conteúdo. O novo modelo de funcionamento chama-se edição contínua e a mim me parece um workflow bem próximo ao que chamaríamos de um processo pós-industrial de produção de notícias, ou seja, um processo incremental (escrevi sobre o jornalismo pós-industrial na introdução da minha tese de doutorado, caso alguém tenha interesse em saber mais).
Vale o registro :
— Os editores começam a dar expediente às 7h da manhã, com foco nos conteúdos online e também um mapeamento dos assuntos que, durante o dia, têm potencial para atrair o leitor das outras plataformas (antes, os editores chegavam à redação no começo da tarde e seu foco era a edição impressa).
— O trabalho diário é organizado a partir de três reuniões: às 8h, um encontro com enfoque nas plataformas digitais (aqui, os editores definem os temas do dia e as apostas da web, decidem as atualizações de manhã e como elas serão distribuídas em suas equipes); ao meio-dia, os editores analisam o andamento da produção e os temas principais da edição impressa; e às 16h é quando o jornal de papel começa a ganha uma cara: os editores propõem quais são os destaques de suas áreas e os editores-executivos elaboram a primeira página, a partir de mais uma reunião. É nela também que se define como será a homepage do site às 6h do dia seguinte.
Lições do ISOJ para inovar em jornalismo digital
Eduardo Suarez (@eduardosuarez), correspondente do El Mundo em Nova Iorque, publicou aqui o que ele chamou das “sete lições do ISOJ para inovar em jornalismo digital”. Segue um resumo com meus breves comentários:
1. conhecer a sua audiência [digo eu: isso significa um mergulho profundo nos dados de acesso, uma capacidade de identificar padrões de navegação, o que (sejamos honestos) nem sempre é tarefa fácil para os jornalistas às voltas com as pautas do dia a dia];
2. a publicidade não é o único caminho [a conclusão dos participantes do congresso: é quase impossível financiar o jornalismo de qualidade somente com anúncios; mas então quais são os outros caminhos?];
3. não deixe de experimentar jamais [na minha visão, isso quer dizer um mindset “Agile“, mentalidade ainda a ser construída nas Redações];
4. escolher um nicho [mesmo se for um meio jornalístico generalista, alguns temas merecem um perspectiva vertical, de fato];
5. o fim da televisão [não vejo isso acontecendo no Brasil a curto prazo];
6. a geração milênio [aqui temos um caminho a desbravar, é uma geração na qual eu prestaria a maior atenção];
7. menos notícias e muito mais contexto [sim, sempre, mas estamos a falar disso desde 1995 (lembram das previsões de Nora Paul feitas em 1995? 🙂 Na minha dissertação de mestrado eu comentei cada uma delas].
Para saber mais sobre como foi o ISOJ, recomendo clicarem aqui: nohacefaltapapel
Fugindo do “data porn”
Gustavo Faleiros (coordenador de projetos d’ O Eco, como o infoamazonia.org) e Chris Cross (designer de interação do The Guardian) partilharam ontem na Editora Abril suas experiências com geo-jornalismo e data viz. Para mim que lá estava, foi um alívio observar a importância que ambos conferem às narrativas jornalísticas. A fala dos dois deixou claro o seguinte: debaixo dos mapas, os dados; acima dele, a camada das histórias (com latitude e longitude bem marcadas). Sem histórias, o que nos resta? Dados amontoados e imagens com pouca provocação (apesar de lindíssimas). É o que Paul Bradshaw (@paulbradshaw) chamaria de data porn: “where journalists look for big, attention grabbing numbers or produce visualisations of data that add no value to the story”. Eu completaria: dados e visualizações que contam história alguma.
Ideias-chave da minha pesquisa de doutorado (USP, 2014)
Eis aqui a apresentação que resume a pesquisa de doutorado sobre jornalismo digital que concluí na ECA/USP. É o mesmo documento que utilizei na defesa da tese em 17 de Fevereiro de 2014.