Quer construir uma equipe de jornalismo de dados?

Imagem: Map Portraits by Ed Fairburn on design-dautore.com.
Imagem: Map Portraits by Ed Fairburn on design-dautore.com.

Você vai precisar de três perfis, segundo Rich Gordon, professor e diretor da Digital Innovation, Medill School of Journalism. Durante a conferência na Sociedade Americana de Editores de Notícias em Washington, ele argumentou que os líderes de notícias precisam pensar sobre as três dimensões do jornalismo de dados – e três tipos diferentes de habilidades no jornalismo. São os perfis: a) um repórter que saiba trabalhar com “computer-assisted reporting” (CAR), b) um desenvolvedor de aplicações web (alguém que venha da computação e saiba trabalhar com a visão jornalística) e c) um especialista em visualização de dados.

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Fonte: http://knightlab.northwestern.edu/2013/06/28/want-to-build-a-data-journalism-team-youll-need-these-three-people/
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Web semântica e as narrativas visuais interativas – Parte II

A habilidade de narrar visualmente com contexto e com diálogo gera um segundo conjunto de capacidades que também temos que absorver nesse mundo 2.0: dar rótulos, classificar e categorizar a informação. Formalmente, entramos no terreno das taxonomias e do “taggeamento” cujo exercício é peça-chave para o futuro da web semântica.

Alem de narrar visualmente, a informação na web cada vez mais será buscada e disponibilizada na forma de mapas visuais de informação. A idéia é criar um ambiente informativo no qual o usuário, ao realizar uma busca na rede, se vê diante de uma imagem e a partir dela consiga avaliar os nichos que concentram mais ou menos interesse e correlação com as palavras-chave digitadas.

Tirando pela média das ferramentas existentes isso é possível desde que o conteúdo armazenado num determinado website tenha um eficiente processo de definição de tags, que realmente expressem o sentido e o significado de seu conjunto. Hoje, é só por meio de um bom processo de taggeamento, uma boa indicação de palavras-chave que é possível gerar um mapa visual do resultado da busca.

Nessa história entram variáveis humanas e as restrições decorrentes: a construção de tags é um processo que ainda hoje é individual, fora da tal cultura linear e sem correlações; o usuário, ao buscar por palavras-chave numa ferramenta que resulta num mapa, também tem um processo individual de definição dos termos.

Para exemplificar, vejam ao lado uma busca que fiz com os termos “semantic web” na ferramenta Grokker, que tem algumas limitações pois busca apenas no Yahoo!, Wikipedia e Amazon Books.

Na ferramenta Kartoo, que varre toda a web, mas ainda gera resultados com ícones recorrentes à cultura linear, a mesma busca resultou no seguinte mapa:    

E no próprio Google, que não possui ferramenta visual, mas se apresenta como precursor e investidor num projeto de web semântica, a busca sai linear, mas com uma certa lógica aos nossos olhos:

Diante dos retornos, surgem pontos para pensar: a compreensão dos resultados visuais; a satisfação do usuário com os resultados de uma busca; o uso correto de palavras-chave, e por aí vai.

Novamente a pergunta, estamos preparados para indicar boas tags?
(Beth Saad)

Web semântica e as narrativas visuais interativas – Parte I

Nesses tempos de Web 2.0, a habilidade de construir, narrar e disponibilizar a informação numa interface visual que produza significado para o usuário é quase uma necessidade para os jornalistas e comunicadores. Estamos preparados para a web semântica?

Nossa cultura de base (especialmente da geração acima dos 35 anos) é textual, linear e formatada em pirâmide invertida. Estamos acostumados às informações apresentadas num texto verticalizado – livros, revistas, jornais – com poucas imagens, num conjunto informativo de começo, meio e fim que não dá espaço a contexto e muito menos a uma leitura visual do conteúdo.

Sabemos que as principais pesquisas no mundo da rede estão focadas na construção da web semântica, baseada mais diretamente nas percepções cognitivas e no modo de ver o mundo por meio da informação de cada usuário. Uma rede adaptativa, flexível e principalmente visível (ou visual!).

Para seguirmos em frente no nessa web 2.0 temos que afinar nosso olhar e nossa forma de conceber conteúdos para informar, ao mesmo tempo, com imagens e correlação. Aqui, começam a ser cada vez mais utilizadas as ferramentas de mapas interativos com conteúdo embutido.

Um exemplo recente na cena brasileira é o site Globo Amazônia, que apresenta um mapa interativo sobre queimadas e desmatamentos, bem inovador diante dos parcos recursos que nossos sites informativos utilizam.

(Segue aqui um destaque para o produtor do projeto, o jornalista Iberê Thenório, que foi aluno na ECA-USP e defendeu em 2007 um TCC sob minha orientação com um blog sobre ecologia e meio ambiente – o Atitude Verde.)

A iniciativa merece comentários, apesar da simplicidade da ferramenta, já que se percebe ali a necessidade de melhor agregação de banco de dados para dar mais dinamismo ao conteúdo da interação. Mas, por outro lado, é oportuna a inclusão da ferramenta participativa via Orkut convidando os usuários a protestar contra o desmatamento. Entre nós é uma novidade.

Apenas como contraponto acessem o mapa eleitoral da campanha presidencial 2008 dos Estados Unidos mantido pelo The New York Times.com, já citado neste Intermezzo.

É um interessante modo de narrativa visual interativa, aonde a popularidade de cada candidato é expressa em gradações de cores, e também é apresentada uma comparação entre a pesquisa formal realizada pelo jornal e aquela dos leitores-usuários do site, em outro mapa.

Fica a questão: já estamos desenvolvendo tais habilidades em nossos profissionais?

(Beth Saad)