Números e reflexões sobre o jornalista contemporâneo (Parte I)

Hoje, 26/04/2007, recebemos como palestrantes em nossa disciplina de graduação na ECA-USP – Gerenciamento de empresas informativas, os jornalistas da Editora Abril Hamilton dos Santos, Diretor de Desenvolvimento de Pessoas e Coordenador do Curso Abril de Jornalismo; e Ana Brambilla, condutora do projeto de jornalismo participativo naquela Editora, que resultou num primeiro produto, a revista Sou + Eu.

A proposta era discutir aspectos como a imagem do jornalista na sociedade, competição e empregabilidade e, principalmente, a caracterização e a configuração das competências do chamado “jornalista-cidadão”.

Os dados de cenário e imagem tiveram como fonte uma pesquisa realizada pela Editora em 2005 para subsidiar as atividades de reportagem do Curso Abril. Além de levantamentos estatísticos, a pesquisa se utilizou da metodologia de invasão de cenários para conhecer de perto a rotina das redações brasileiras, e dos focus groups para checar a imagem do jornalista junto a diferentes segmentos de formadores de opinião.

Os resultados revelam alguns dados interessantes, passados em primeira mão para nossos alunos e agora para os leitores do Intermezzo. A pesquisa e demais conteúdos serão divulgados na próxima edição da revista Plug, produção dos alunos do Curso Abril 2006. Destaques e comentários desta escriba:

– O “gap populacional” constatado nas estatísticas os faz pensar que muitos coleguinhas andam fora das redações (e da profissão?). Existem hoje no Brasil em torno de 11.200 jornalistas atuando (não se refere a vínculo empregatício formal, mas sim, ao exercício efetivo da atividade) em veículos de imprensa, dos quais 3.200 no Estado de São Paulo. Ocorre que os 497 cursos de graduação em Jornalismo no país recebem anualmente 53 mil ingressantes e despejam supostamente no mercado 18 mil formandos. Poderíamos inferir que dos formandos, bem menos de 10% por ano atuam como repórteres e editores nos veículos de mídia. Provavelmente, as assessorias de imprensa, áreas de comunicação corporativa, agências de publicidade e outros segmentos não jornalísticos absorvem o contingente. Ou, na pior hipótese, o índice de empregabilidade é baixo.

– O piso salarial médio definido pela FENAJ é de R$ 2.321,00, sendo que homens ganham em torno de R$ 500,00 a mais que as mulheres. Mas, paradoxalmente, 54% dos 11 mil jornalistas são mulheres. Uma profissão que cada vez mais se feminiza sem o equivalente reconhecimento.

– A imagem que representantes da sociedade faz do jornalista está muito vinculada a mitos, imagens cinematográficas e ao jornalismo televisivo. Saibam que William Bonner é o nome que primeiro vem à mente das pessoas quando se fala em jornalista. Além disso, jornalista anda de terno e gravata, está sentado à frente de um computador, vive entrevistando celebridades e tem o microfone como objeto recorrente.

– A realidade das redações é bem outra, a começar pelo terno….onde? como? O status imagético do jornalista está em queda livre, acompanhado por uma queda ou na melhor das hipóteses estagnação salarial.

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