Tecnicamente, Orkut disse… (PARTE IV)

Foram poucas as informações em profundidade sobre o funcionamento do Orkut e sobre as intenções do Google com tamanha ferramenta em mãos. A maioria das explicações ficaram nos antecedentes das redes de relacionamento e no tipo de cruzamento de informações que estas podem oferecer. Vejam os raros destaques:

Conceitos fundadores: O Orkut e seu criador partem de dois pilares – a formação de comunidades e a rede social. A questão é que tais conceitos diferem um tanto daqueles ofercidos por autores consagrados da área. Mr. Orkut afirma que uma comunidade se configura quando se utiliza de uma ferramenta de software para dar voz, em níveis públicos e privados, para os seus usuários, de forma a se criar relacionamentos estreitos perduráveis ao longo do tempo. (Em tempo: a título de comparação sugiro rever o post onde Muniz Sodré caracteriza comunidade). Por outro lado, Mr. Orkut define rede social como um conjunto de relacionamentos pessoais ou profissionais estabelecidos por um dado conjunto de indvíduos. Importante notar que Orkut não vincula obrigatoriamente rede social à qualquer tipo de ferramenta digital. A rede se constrói em qualquer ambiente. Para ele, o ambiente orkut veio facilitar a formação de redes.

A força do algoritmo: Como todo o sistema Google, do qual Orkut é parte, o pilar de funcionamento e de exploração das bases de dados está na construção de algoritimos e modelos matemáticos que objetivam determinados resultados. O pouco demonstrado pelo Sr. Orkut deixou claro que os dados de cada usuário do Orkut são matéria-prima para um datamining sofisticadíssimo, capaz de criar correlações entre atributos, gostos, dados etnográficos, imagens e fotos, e por aí afora. Tais correlações também podem refletir as características de proximidade e/ou antagonismo entre um ou muitos usuários, gerando matematicamente grupos de interesse irrefutáveis. Some-se a tudo isso a capacidade do algoritmo poder filtrar a originalidade dos dados postados por cada usuário, checando seus IP’s de origem, comparando com listas de amigos, e muitos outros tipos de variáveis de segurança e confiabilidade. Portanto, senhores usuários tupiniquins que se nacionalizaram iraquianos ou afegãos, permanecem brasileiríssimos na base Orkut.

Fechando este post ficam algumas percepções que tive o prazer de compartilhar com meu colega Gilson Schwatrz, também professor da ECA. No dizer de Gilson o Orkut resume-se a uma técnica única de analisar a inteligência coletiva que paira no ciberespaço. Concordo e digo mais: o domínio da inteligência coletiva, como conceituada por Pierre Lèvy e muito bem concretizada no Orkut, é determinante para qualquer avanço da web no rumo da semântica, no rumo da dotação de “inteligência” aos sistemas e codificações que hoje sustentam a web.

Tudo isso posto gratuitamente nas mãos e nos servidores do Google. E com tudo isso em mãos Mr. Orkut afirma candidamente que não é intenção dele e do Google a monetização de tamanha raridade.

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