No dizer de Muniz Sodré, “o tempo real é um tempo desrealizado“. Ou seja, em tempos de web é difícil conceber qualquer ação de comunicação associada a variáveis como cronologia, duração e segmentação por conta da velocidade de transmissão da rede. Para ele, a fusão dos diferentes tempos (anteriormente separados por dedicação, como o tempo do trabalho, do lazer, da educação, entre muitos) acaba gerando um verdadeiro “frenesi de presença em rede“.
Portanto, a noção clássica de notícia para o jornalista perde espaço para um simples click, que por si só, já se configura em acontecimento. No tempo real, os acontecimentos estão sempre à frente de sua interpretação – função primordial do jornalismo – limitando os tradicionais exercícios de investigação, especulação, reconfiguração.
Conseqüência direta: a internet põe a identidade do jornalista em crise, retirando pela técnica aquilo que o diferencia do usuário comum – a marcação do ritmo da narrativa, e portanto, do tempo de absorção e compreensão dos acontecimentos.
Para o professor, a pauta deixa de ser uma decisão estratégica de um grupo e se socializa em meio aos antigos leitores passivos. Qual a saída? Muniz Sodré proconiza a única síada possível: a densificação narrativa.