Deixo aqui uma reflexão resultante do excelente debate ocorrido hoje durante a defesa do mestrado de Lourival de Sant’Anna Filho.
Ao que tudo indica pelo texto apresentado (em breve disponível online), o velho temor que assombrou os publishers da mídia impressa nos inícios da internet comercial, na realidade, jamais deixou de existir. Apenas esteve adormecido por alguns momentos, camuflado em outros, e explicitamente ignorado atualmente.
Os professores Dilson Gabriel dos Santos da FEA-USP, e Gilson Schwartz, dileto colega da ECA/USP, fizeram colocações excelentes sob os pontos de vista do marketing e da economia da informação.
Alguns pontos: a empresa jornalística brasileira – pelo menos até 2005 – não pensa estrategicamente; cada área – redação, industrial, distribuição e marketing – planeja, decide e implementa ações desconectadas; os leitores, com dados de pesquisa qualitativa, valorizam cada vez menos a “informação de ontem” ainda que publicadas num veículo com a aura da credibilidade. Tudo isso candidamente dito pelos diretores de redação dos três maiores jornais impressos do país à época do levantamento de campo. Tudo isso ocorrendo e os jornais impressos instalados no alto da frágil condição de produtor das verdades.
Desculpem o tom, mas realmente é decepcionante!!! Temas como assimetria da informação, efeito da cauda longa, regionalização, tribalização do mercado e outros não passam pelas discussões de publishers e editores.
Parece-me, e o post do André sobre novos projetos digitais da Abril reforça isso, que as ações na mídia digital conseguem explorar com sucesso apenas as bordas ou aquilo que está fora das redações. Seria dificuldade em buscar um formato narrativo adequado ou imobilismo corporativo?