Sou leitor razoavelmente assíduo do blog de Ricardo Noblat (ex-iG, agora abrigado no Estadão). Considero um dos melhores blogs políticos do país (juntos com os de Josias de Souza e o de Fernando Rodrigues, ambos do UOL). Na maior parte das vezes, ignoro as dezenas (ou centenas) de comentários. Sequer abro o pop-up dos comments. Em sua maciça maioria, são aborrecidos, irrelevantes. Na melhor hipótese, sua leitura propicia perceber o estado de ânimo de uma fração (não-representativa, aliás) de internautas, eleitores e cidadãos quanto às polêmicas da hora.
Nesta quinta, 25, Noblat detalha algo que desconhecia: o trabalho de dois moderadores quase que full-time dedicados (graciosamente!) a tal tarefa de Sísifo.
Por dentro do blog
Se a vida de blogueiro é dura, pior é a de moderador de blog. Tenho dois. Um discretíssimo. Elimina os comentários ou os comentaristas que desrespeitam as regras do blog e não polemiza com eles. O outro gosta de mandar recados e de polemizar.
Talvez por que seja, dos dois, o que passa mais horas lendo comentários. Ele começa no meio da tarde e vai até o meio da madrugada seguinte. Dá expediente de 12 horas em média.
Trabalho escravo. Por opção dele.
Ora, isso significa que aquele monte de (com o perdão da palavra) bobagens da grande maioria dos comments no blog do Noblat ainda são o que restou após o crivo de duas tesouras diuturnas!
Por essas e por outras, é que a decisão do Intermezzo de restringir comentários apenas aos cadastrados foi corretíssima.
Tudo isso provoca, entretanto, reflexão um pouco maior. A dificuldade de se ter bons debates em fóruns virtuais sem a impertinência multiforme que a internet possibilita. Abrem-se as comportas. E vem de tudo: de vírus, spyware, spams comerciais a comentários fora de qualquer foco. A (talvez desejada) opção primordial pela liberdade irrestrita na ciberesfera revela-se na prática, em um sem número de vezes, um estorvo. No mínimo. E, no máximo, termina por abrir espaço ao desrespeito à liberdade (e ao trabalho) do outro.
Firewall, filtros antispam, bloqueios virtuais variados já são indispensáveis em nossa vida diária virtual. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, ironizava Millor Fernandes, em tempos outros. Tal máxima retomaria validade indispensável em (muitos) recantos virtuais da presente ciberesfera?
Há dias aqui na Universidade do Minho tivemos um seminário sobre “interactividade” e a discussão acabou indo por este lado também. Fala-se muito de abrir espaços à participação, interação etc. dos usuários, mas ficamos sem muitas respostas quando o assunto é o “mau” uso que se faz deste espaço que lhes foi aberto (sei que o “mau” aqui é relativo, mas, enfim…). Voltamos às questões filosóficas relativas à ética, á moral, à cidadania etc. O assunto é, de fato, complicado.
Aliás, volta e meia Noblat faz alguma reflexão sobre seu dia-a-dia:Diz Noblat, depois de narrar sua rotina entre posts para o blog, matérias para o Estadão e rádios;”Cada vez mais, e se quiserem sobreviver em um mercado com poucas vagas, os jornalistas serão obrigados a se tornar profissionais multimídia.”Íntegra em: Por dentro do blog
O blog de Julio Preuss indica que 90% dos posts de blogs são spams!!http://blogeditor.ibest.com.br/wpmbhack/?p=841http://blogeditor.ibest.com.br/wpmbhack/?p=690