O mundo mudou, o jornalismo também

E o ensino de jornalismo, mudou? A questão foi levantada pelo pesquisador peruano Juan Gargurevich durante a Intercom 2005 e nos chega pelas palavras de Carlos Chaparro através do artigo Que tipo de jornalista devemos formar?, publicado esta semana no Comunique-se. O pesquisador apresentou com idéias claras e concisas por quais mudanças paradigmáticas passamos. Vejamos de perto:

O velho paradigma
É o paradigma do pós-guerra, inspirado no modelo norte-americano, que fundamentou a concepção do jornalismo na América Latina. São as “verdades” (aspas de Chaparro) que organizaram as idéias e crenças no ensino, na pesquisa e na prática do jornalismo:

  • A informação tem alto valor como mercadoria, o que significa admitir que quanto melhores as notícias, maiores serão as vendas;
  • A economia das empresas jornalísticas se baseia no êxito da circulação, na medida em que as tiragens condicionam a publicidade;
  • As fontes de informação se restringem aos jornalistas, sem os quais não há notícia;
  • Os modos formais e populares de a sociedade se informar são os jornais e os noticiários de rádio e televisão;
  • Os espaços dedicados à informação jornalística são limitados em números de páginas, minutos de rádio e televisão;
  • A informação chamada “alternativa” está limitada a círculos especializados e tem pouca credibilidade;
  • Os jornalistas se reconhecem a si mesmos como atores sociais e, como tal, assumem a missão de vigiar e fiscalizar os governos;
  • Os meios massivos, cuja propriedade está reservada a grandes empresas multimediáticas, têm distribuição e alcance local;
  • O jornalismo sustenta que a liberdade de imprensa é pilar fundamental da democracia.

O novo cenário
São os paradigmas do mundo globalizado em redes informacionais:

  • A informação de qualquer país pode obter-se a custo mínimo e em tempo real;
  • Os espaços virtuais para a informação quase não têm limites;
  • As mini-empresas informativas podem ser tão eficazes quanto as grandes empresas de antigamente;
  • Os meios são internacionais e não reconhecem os velhos limites impostos pelos regulamentos das Nações Unidas;
  • Na maioria, as fontes governamentais estão abertas ao público em geral;
  • Os “weblogs” tornam possível e popularizam o “cidadão jornalista”;
  • Os telefones móveis (celulares) avançam para converter-se em suportes inéditos de informação.

Chaparro acrescenta a essa listagem uma outra mudança: “(…)o direito à informação, prerrogativa do cidadão, superou, como valor e direito democrático, os limites do conceito de liberdade de imprensa, princípio liberal que legitimava, também, o poder de “não publicar”.”

(Nota: O sobrenome do pesquisador peruano é “Gargurevich”, e não “Gargurecich”, como está apresentado no artigo original).

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