Conforme anunciamos aqui no Intermezzo, o Prof. Ramón Salaverría, da Universidade de Navarra, proferiu palestra na ECA-USP no dia 08/12/2004 sobre os erros e acertos da imprensa digital nas coberturas dos desastres de 11 de setembro de 2001 e 11 de março de 2004, em Nova Iorque e Madri, respectivamente.
Salaverría partiu destes dois exemplos marcantes de coberturas na web para realizar uma análise técnica da primeira década do jornalismo digital, a constituição e a evolução deste campo e, principalmente, oferecer algumas luzes sobre o status teórico-metodológico do tema que é centro dos interesses de todos os blogueiros do Intermezzo.
Ao comparar os dois eventos jornalísticos, Salaverría aponta uma evolução extremamente veloz daquilo que genericamente chamamos de jornalismo digital. O 11 de setembro de 2001 ocorreu numa estrutura informativa atrelada aos procedimentos editoriais e redacionais da mídia impressa. Os sites vinculados às grandes marcas da mídia mundial demonstraram isso.
Enquanto as torres do WTC ruíam a web constatava seu absoluto despreparo tecnológico para dar conta do imenso fluxo de conexões, as redações constataram sua falta de serenidade jornalística para apuração em tempo real e sites jornalísticos descobriram-se sem identidade própria ao longo do processo. No frigir dos ovos, sites como a American Airlines mostraram-se muito mais informativos e precisos do que importantes nomes da grande imprensa mundial, perdidos na falta de procedimentos redacionais.
Já a explosão na Estação de Atocha, três anos depois, foi noticiada pelos sites jornalísticos num cenário de preparo tecnológico, de destaque para a relevância da Internet como meio de informação significativo para apresentar contexto e a opinião pública, e no desenvolvimento e exploração de conteúdos multimídia em suas matérias.
O jornalismo na web chega ao final de 2004, segundo as análises apresentadas pelo Prof. Salaverría, com um status de conscientização de que é possível explorar através do canal digital possibilidades impensáveis para um jornal impresso ou para um noticiário televisivo. Hoje já podemos afirmar que a web é interativa e os meios de comunicação já começam a ouvir e dar voz aos usuários e não apenas a expressar suas opiniões unilateralmente.