Como pode ser conceituado o termo “weblog“? Quais são os nuances deste neologismo tão recente? Como decifrar o sentido das relações (tensas) entre weblogs jornalísticos e a imprensa tradicional?
Essas são algumas questões da comunicação “A notícia que é notícia: o blog jornalístico” apresentada por Artur Vasconcellos Araújo em colóquio do Centro de Pesquisas Sociossemióticas da PUC-SP.
Araújo, jornalista e editor no Cosmo On Line – a maior agência paulista de notícias do interior paulista -, é mestrando na ECA-USP e tem como tema de sua pesquisa acadêmica, “O weblog como expressão jornalística alternativa”.
No texto, Araújo discute situações concretas, como o blog do Ricardo Noblat, o site No Minimo e dentro dele o No Minimo Weblog, entre outros exemplos.
Deixo entre parênteses vários aspectos de uma complexa análise de Araújo, elaborada a partir das ferramentas conceituais da semiótica.
Uma situação concreta analisada (págs 9-12) chama a atenção: o episódio envolvendo um longo e-mail da jornalista do diário nova-iorquino NewsDay, Laurie Garret, que o enviou para colegas próximos e que foi repassado diversas vezes e tornado público ao cair em blogs e sites. Já premiada com o Pulitzer, Laurie Garret (e vale conferir seu site muito bem informado e construído) viu-se envolvida em polêmica delicada ao comentar fatos e expressar opiniões sobre questões do Oriente Médio que seu próprio jornal se recusara a publicar.
O episódio foi nota do Weblog do No Mínimo há mais de um ano e meio, em 27/02/2003.
Há uma discussão de privacidade em todo o episódio: um e-mail de um jornalista para seus pares discutindo fatos estritamente jornalísticos pode ser lançado na rede sem pruridos éticos?
Também tomo como gancho as indicações de Araújo, para tocar em uma outra questão particularmente significativa ali implícita e que faz coro com outras análises que estão pipocando: a internet, de modo mais geral, e os weblogs jornalísticos, mais particularmente, estão ou podem vir a redefinir os limites e parâmetros de conteúdos da grande imprensa? Essa está sendo impelida a ampliar, estender e dar mais substância às suas informações por conta das iniciativas de weblogs jornalísticos independentes (particularmente daqueles com maior consistência, confiabilidade e, em decorrência, maior credibilidade)?
Em tempo, lançar essa questão não significa sugerir ou sequer especular se TODA a grande imprensa poderia vir a se redefinir, mas ao menos indagar se parte dela ou se alguns de seus grandes veículos podem vir a se modificar com as naturais reverberações decorrentes entre o meio jornalístico e também em âmbito social.
Creio que esse é um dos pontos nevrálgicos que poderia vir talvez a redesenhar – ainda que localizada e parcialmente – a história e até o papel da imprensa em um horizonte imediato.
Legal, Sérgio. Também estou lendo o artigo do Artur. E, para ampliar a discussão, sugiro o texto Blogs fazem jornalismo?, da Marinilda Carvalho, publicado no Observatório da Imprensa.