ORKUT: TO BE OR NOT TO BE? Difícil não falar na…

ORKUT: TO BE OR NOT TO BE?

Difícil não falar na primeira pessoa quando se analisa o fenômeno Orkut e não confessar uma certa reserva e até uma certa birra com a febre recente que se alastra elevando a virtualidade das relações pessoais à enésima potência. (Mesmo com o delicado convite de pessoa amiga e próxima). Pouco a ver com as várias matérias nas quais pipocaram críticas, ainda que um tanto quanto superficiais.

Orkut mexe com nossos “bens” mais preciosos: disponibiliza aos ventos virtuais nossas relações pessoais e intransferíveis e nossas referências simbólicas, estéticas e de estilo de vida.

Pode ser fruto dos meus tempos de estudo mais sistemático de filosofia, mas considero difícil reduzir (ou sinalizar) minhas crenças frente ao mundo apenas como ateu, agnóstico, místico ou espiritual.

Sim, eu gosto do meu cachorro, da minha gata e até do meu periquito australiano que me acordam de manhã mais cedo do que eu gostaria. Mas acho muito american way of life, colocar este quesito como elemento de aproximação ou afastamento nas relações interpessoais.

E se as preferências gastronômicas de cada um de nós estão entre o sushi e sashimi ou o cus-cus marroquino, tudo isto me soa como um vago convite virtual para um jantar que nunca acontece.

Relações virtuais complementam ou amplificam as relações presenciais. Com e-mails retomo contatos com amigos espalhados pelo mundo ou intensifico relações dispersas na grande metrópole. Mas o Orkut vai muito além. Mas porventura a demanda aventada por Sartre pela transparência nas relações pessoais se realiza aqui? Não seria muito mais uma invasão de privacidade com consentimento mútuo?

Em festa recente (estilo antigo, pois presencial) reencontrei uma penca de amigos e colegas. Mesmo assim não me imaginei confortável em agregá-los com o recurso ADD FRIENDS.

Aprendi – com o tempo — que a prudência não é antônimo da ousadia. Ou talvez simplesmente falem mais forte minhas remotas raízes de Minas e a sugestão de Fernando Brant e Milton Nascimento:

Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração.

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