Criar uma versão online para um jornal em papel tem pouco de extraordinário, sabemos. A novidade talvez esteja no fato de este passo-a-passo ser registrado publicamente. É isso o que está ocorrendo com a publicação portuguesa “cenaberta“, mantida pela associação Cena Lusófona. Os bastidores da migração da versão impressa do jornal para a mídia digital estão sendo expostos, desde o último dia 21, no weblog “Como se faz um jornal online“.
O mentor da iniciativa, o jornalista António José Silva, revela que o blog não objetiva exatamente ensinar como é que se faz um jornal online. Trata-se muito mais de uma experimentação. AJS informou-me por email que a estréia do jornal online está marcada para o início de Julho. Então temos aí pouco mais de um mês para acompanhar este “reality show” jornalístico.
Seguem abaixos outras informações fornecidas gentilmente pelo colega:
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Quantas pessoas estão envolvidas na criação impressa do “cenaberta”?
AJS – Na edição em papel colaboram quatro pessoas na redacção: um repórter fotográfico, uma recém-licenciada em jornalismo pela Universidade de Coimbra, um outro colega com formação na área do Turismo e eu.
E no registro online da criação do jornal?
AJS – Relativamente à edição online, toda a concepção gráfica, base de dados, programação, etc., foi feita por mim. O jornal, as secções, o que vai ter e como vai ter, resulta um pouco de tudo o que fui lendo nos últimos dois anos ná área. Como é óbvio não é o state-of-the-art. Mas tentei aplicar no jornal online algo do que aprendi. Numa fase inicial os textos são essencialmente resultado do que é produzido para a edição em papel. No entanto já foram produzidas algumas notícias tendo como referência exclusivamente o suporte digital.
Como fica a questão do sigilo? Expôr esse processo não deixa o produto vulnerável? A associação não se posicionou contrária à idéia do blog?
AJS – Foi uma questão que não coloquei à direcção. Porque é público que iremos lançar o jornal em formato digital – assumimos esse compromisso no editorial do número um do cenaberta; por esta razão acho que a questão do sigilo não se coloca.
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Ainda sobre essa questão da relação entre versão papel e online, retomo aqui dois posts publicados pelo Intermezzo em 2003:
# Shovelware e Repurposing (DB);
# Jornalismo online/digital e ciberjornalismo (Beth Saad).
(Em tempo: a deixa do cenaberta veio deste post do J&C).
faz-se fazendo