OS FILHOS DE TUPÃ CHEGAM À REDE
Neste 19 de abril, dia em que se comemora aqui no Brasil mais um “Dia do Índio”, sete aldeias indígenas se plugaram na Internet. Índios dos estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco — Kiriri, Tupinambá,Tumbalalá, Pataxó Hã Hã Hãe, Kariri-Xocó, Xucuru-Kariri, Pankararu – além de continuarem com suas atividades cotidianas de pesca, caça, agricultura, artesanato, etc., agora também escrevem para a Internet. São “jornalistas” do portal Índios Online.
Quatorze índios foram minimamente “treinados” para realizar tal tarefa: foram cinco dias de curso básico de informática (tipo Paint, Word e Internet Explorer). A idéia é que eles agora ensinem seus próximos a mexerem com o computador conectado à rede; funcionando, assim, como multiplicadores em suas próprias comunidades. As aldeias têm Internet via antena parabólica. Algumas já receberam câmeras fotográficas digitais. Toda essa iniciativa é mantida por uma ONG, a Thydêwa, com patrocínio de uma rede de supermercados, a Bompreço, e com apoio do governo da Bahia e da Unesco.
Estou aqui, confesso, meio abismada. Não sei se isso é a melhor notícia que as tribos poderiam receber. Ou se é a pior de todos os tempos. Lembro que hoje eles não passam de 370 mil e que 96,28% da população indígena não tem computador. E mais: reportagem do jornal A Tarde diz assim: “[o projeto] tem realizado oficinas de identidade e expressão criativa nas comunidades indígenas que capacitam os índios a atuarem como jornalistas, historiadores, antropólogos de suas realidades, conhecimentos que agora são úteis para prover conteúdo à Internet”.