REVISANDO TENDÊNCIAS 1
Vez por outra navego pela Amazon e vou ao FNAC e à Livraria da Vila para checar as novidades no campo das mídias digitais. Além da obrigatória atualização profissional, aproveito para comparar conteúdos, destacar inovações, peneirar qualidades, e por aí vai. Do passeio deste final de semana segue o primeiro destaque: o tema jornalismo online parece sair daquela fase de receituários, do como fazer, para entrar na discussão da necessidade de mudança dos padrões profissionais em função da internet ser um canal “um tanto diferente” (sic) dos demais meios de difusão de notícias. Recomendo a leitura de Online Journalism: a critical primer, de Jim Hall. O autor, é um dos primeiros a assumir que na indústria de mídia dos Estados Unidos e da Europa predomina a visão do construtivismo social para a internet, na qual a tecnologia não passa de um efeito de “forças tectônicas” (sic) que mudam e formatam os contextos culturais, econômicos e ideológicos em torno da web.
Considerando a seriedade do autor, temos uma notícia auspiciosa para todos nós.
Apenas para ilustrar a discussão sobre a mudança dos padrões profissionais, traduzo um trecho de Hall: “A natureza da notícia e os valores que a sustentam não são mais as verdades eternas que as ideologias liberais nos fizeram crer. Os valores-notícia passam a ser uma construção negociada. Na web, sua forma e contextualização mudam, e os jornalistas deverão reavaliar suas regras e rotinas de trabalho. A web estimula o leitor a negociar (ou a intervir) nos conteúdos na medida em que vão se modificando – a notícia assume um formato dinâmico e os valores, tais como verdade e utilidade, são reavaliados pelos leitores. O imediatismo e a interatividade transformam radicalmente a forma de consumo das notícias“.